terça-feira, 28 de setembro de 2010

Suplicamos um ao outro, o outro

Lá vinha ele caminhando.
Abri os meus olhos pasmados. Suavemente avisado, ele se sentou a minha frente. Sua perna vibrava. Ambos nos olhávamos.
Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem dono de outro ser, lá estava ele que viera ao mundo para me ter. Ele fremia suavemente, de frio. Eu olhava-o sob os meus cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande estrondo ecoou na sala, sacudi-me, ele nem se quer tremeu. Passei por cima do barulho e tornei a fitá-lo.
Nossos pelos se enrijeceram quando o vento abriu a porta. Ele se pôs em pé, caminhou devagarzinho até a porta e a fechou. Voltou a se sentar, mas dessa vez ao meu lado. Segurou as minhas mãos. Não disse nada. Só me olhou. Eu não tirei os meus olhos dele nem se quer por um segundo.
Que foi que nos dissemos? Não sabemos. Sabe-se apenas que nos comunicamos rapidamente com os olhos eloqüentes, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar nos pedimos. Pedimos com urgência, com encabulamento, surpreendidos. Suplicamos um ao outro, o outro.

domingo, 26 de setembro de 2010

Como se fosse ontem

Meus olhos encontraram os teus em uma noite cálida de verão, diante da luz do luar, e de algumas testemunhas.
Lembro-me bem da brisa que tocava os fios do teu cabelo e os deixavam levemente jogados, da sua voz cantando todas as músicas que tocava nas rádios, lembro-me exatamente a cada riqueza de detalhes do seu cheiro que era levado até a mim. Lembro-me também do modo com que meu corpo em chamas necessitava estar junto ao teu.  
Fecho os olhos e sinto o doce toque dos teus lábios tocando os meus pela primeira vez. Naquela noite suas mãos deslizavam sob meu corpo, seus dedos entrelaçavam em meu cabelo, enquanto nos olhávamos profundamente e fazíamos com que as palavras se tornassem dispensáveis.
Não queria deixar com que você fosse embora e me deixasse ali, sem você. Mas a partida foi inevitável. Você então se foi, e só deixou as lembranças da noite em que eu conheci o grande amor da minha vida.
Eu comecei a amar-te naquele primeiro momento em que nos vimos, e lhe amo desde então, e tanto, e sempre.
           Lembro-me como se fosse ontem...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sol


         Acordo todos os dias pela manhã, e mesmo que ele não esteja ali, sei que existe, sei que sempre voltará a aparecer. E quando enfim ele aparece, sinto sua temperatura sob a minha pele, passando levemente em cada parte do meu corpo, algumas vezes o modo com que entra em contato comigo, faz com que eu fique bruscamente avermelhada e tentando me esconder de todas as maneiras.
Com todo aquele brilho ofuscante aos meus olhos, consegue deixar com que os meus dias fiquem mais iluminados. E mesmo nos dias em que desaparece, sem dar noticias, deixa mostras de que existe, em cada lugar.
Não arrumei maneiras para existir sem que ele exista. Necessito da sua luz, do seu calor, necessito do seu toque em minha pele.
Eu e ele estamos em perfeita sintonia, na mesma orbita, e não importa o que aconteça, sempre estou girando em torno dele.
E caso um dia ele morra, tudo ficará escuro novamente. Pois ele é a minha grande bola de fogo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ao meu Próteu


A cada começo de semana o anseio e o frêmito intenso pela sexta-feira (quando tenho sorte, quinta-feira), para que enfim a saudade seja cessada em seus braços, e que eu possa olhar em seus olhos, e estes enaltecerem quando encontram com os meus e é nessa hora em que a eloquência dos teus, faz com que qualquer palavra se torne desnecessária, e então somos pegos pelo mais absoluto e incrível silêncio.
Vejo-te como Próteu, que de algum modo consegue ser tudo, ter tudo e de tal forma, que todas as outras pessoas se tornam inteiramente dispensáveis.  Não consigo te ver de outra maneira, a não ser como o meu Próteu, que consegue fazer com que as minhas necessidades se concentrem apenas em você, e me torna cada vez mais dependente desse amor.
Você se torna cada vez mais autocrático, com poder absoluto e ilimitado sobre mim.
Tantos clichês são ditos excessivamente e com tamanha banalidade, que acaba depauperando seu significado verdadeiro, mas nada melhor do que um velho e bom chavão para resumir como eu lhe vejo, sim, eu lhe vejo como O AMOR DA MINHA VIDA.
E como eu poderia ficar aqui com você, sem ser movida por você? Hoje, sua existência é o que me move. É por você que eu vivo. Tornou-se a minha razão, os meus motivos. Tornou-se a minha vida.
Eu te amo acima de todos, e tanto, e sempre...