Marcelo, o marido, voltava para casa. Apanhou o trem, depois o ônibus e percorreu dois quilômetros a pé, como fazia periodicamente para chegar a sua casa. Já estava muito próximo da rua em que morava, quando viu-se diante de muitos móveis e roupas espalhados por toda parte quase invisíveis por conta de tanta lama. Continuou caminhando. Finas gotas de água caiam do céu. A cada passo que dava a destruição se intensificava. Correu desesperadamente em direção a sua casa. Em vão. Nada encontrou ali, apenas destroços de sua vida.
Marcelo então avistou suas filhas, foi em direção a elas e perguntou de noticias sobre a sua mulher. Disseram que ela dormia quando o temporal chegou. Um vagalhão pegou-a de surpresa, não teve tempo nem pra gritar socorro. Ainda não encontraram o corpo.
Um tsunami entrou na vida de Marcelo sem bater na porta e sem pedir licença, destruiu sua casa e levou sua mulher.
Sem nada dizer, ajoelhou-se, e com as mãos começou a afastar a lama. A chuva começou a cair com mais veracidade. Nada fazia com que ele parece de procurar por ela.
Quantas histórias como esta já presenciamos no Brasil? Acontecem catástrofes, o povo indignado pede melhorias, o governo promete soluções. Os dias passam, as catástrofes entram no esquecimento da população e do governo. Chove um pouco mais, acontecem mais tragédias, o povo pede melhorias, o governo promete soluções.