quinta-feira, 3 de março de 2011

Ciclo

Marcelo, o marido, voltava para casa. Apanhou o trem, depois o ônibus e percorreu dois quilômetros a pé, como fazia periodicamente para chegar a sua casa. Já estava muito próximo da rua em que morava, quando viu-se diante de muitos móveis e roupas espalhados por toda parte quase invisíveis por conta de tanta lama. Continuou caminhando. Finas gotas de água caiam do céu. A cada passo que dava a destruição se intensificava. Correu desesperadamente em direção a sua casa. Em vão. Nada encontrou ali, apenas destroços de sua vida.
Marcelo então avistou suas filhas, foi em direção a elas e perguntou de noticias sobre a sua mulher. Disseram que ela dormia quando o temporal chegou. Um vagalhão pegou-a de surpresa, não teve tempo nem pra gritar socorro. Ainda não encontraram o corpo.
Um tsunami entrou na vida de Marcelo sem bater na porta e sem pedir licença, destruiu sua casa e levou sua mulher.
Sem nada dizer, ajoelhou-se, e com as mãos começou a afastar a lama. A chuva começou a cair com mais veracidade. Nada fazia com que ele parece de procurar por ela.

Quantas histórias como esta já presenciamos no Brasil? Acontecem catástrofes, o povo indignado pede melhorias, o governo promete soluções. Os dias passam, as catástrofes entram no esquecimento da população e do governo. Chove um pouco mais, acontecem mais tragédias, o povo pede melhorias, o governo promete soluções.

2 comentários:

  1. Eu acho que o governo não é o total culpado. principalmente porque, o pessoal constrói em locais que sabem que são de risco. A gente sempre acha que nada vai acontecer com a gente, só com os outros, até que de repente...
    obrigada pela sua visita, estou seguindo tbm
    beijos

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  2. essa historia é tão real que ate parece que você conhece essa familia,e mesmo assim o governo continua aprovando casas em lugares de risco,e porque? por dinheiro claro, e por que as pessoas compra em lugares perigosos? por que nao tem dinheiro, lugares seguro é luxo no brasil.
    Tati como sempre amo seus textos :D

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