sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

O Fim Para um Recomeço


O ano que se vai deixa as fotos, as lembranças, a saudade, deixa tudo que é permanente, tudo que se eternizou durante os anos e leva embora tudo que já deixou de ser real, leva os maus amigos, os maus momentos, os desentendimentos. Leva tudo que não é, e deixa tudo que é. Tempos de renovação e reafirmação.
Fim nos dias de escola, das brigas, das reconciliações, das músicas, dos apelidos, dos professores, das colas, dos exames de matemática, dos intervalões, dos trotes, de ir de chinelo havaiana, de pedir pro Maurício ligar o ar condicionado e por no “DEZOITO”, fim de falar besteira e ter a Dona Maria como ouvinte número 1, de mandar a coordenadora calar a boca, de zoar os bracinhos anões do diretor, de ter professores pegadores de alunas indefesas, de ter alunas pegadoras de professores indefesos, fim da tia da cantina dar pitch e quase nos bater, fim das músicas cantadas nas aulas de inglês, nunca mais verei o lulinha tacando fogo no cabelo da be de novo, fim das olimpreves, jogar stop na aula de química 4 nunca mais, fazer vídeos na aula, massacrar um no montinho, jogar poker, ir no prédio abandonado pra matar aula da tarde, ligar o ar condicionado e ficar de blusa, desenhar na parede, cantar restart toda vez que um emo passa na janela, guerrinha de giz, fim de quem acerta o maior número de giz no lixo, fim do: quem quer ler? “a tati, a tati” da aula de inglês, fim dos comentários mais propícios pra uma aula “amigo que é amigo peida na frente mesmo”,fim do "chuva na galera", guerrinha de cuspe de água, sujar a cabeça um do outro de raspa de borracha ou de giz, fazer churrasco que dura 24 horas e todo mundo passa fome no final, tirar sobrancelhas alheias, fim de comer 3 lanches no intervalo, de pegar muitos catchups,  abrir o sachê de maionese e esperar que algum tonto pise, fim de 95% da sala matar aula juntos e ficar no corredor  jogando e imaginando cervejas. Enfim, que os momentos passem, mas fiquem nas lembranças, e que os amigos não passem e sempre fiquem.
            O último ano de escola e o primeiro de todo o resto da minha vida com o amor da minha existência.
            Tudo que não é verdadeiro eu deixo aqui, neste ano. Tudo que é real, que se eternizou, eu levo pro resto da minha vida.



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ação e Reação.

Tenho o que jamais tive. Já não tenho o que eu sempre tive. Tempo, passa. Tempo, traz. Tempo, leva. Tempo vai, e não volta, só vai. O hoje é, pois houve o ontem. O amanhã será, porque existe o agora. O agora será passado assim que terminar a frase.
O passado que era presente até a pouco, passou. O presente, que até então era futuro, chegou. O futuro, inexistente.
Arrepender-se do que fez, passado. Arrepender-se do que ainda não fez, futuro.
Fui, pois sou. Sou, pois serei. Serei, pois fui e sou.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Suplicamos um ao outro, o outro

Lá vinha ele caminhando.
Abri os meus olhos pasmados. Suavemente avisado, ele se sentou a minha frente. Sua perna vibrava. Ambos nos olhávamos.
Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem dono de outro ser, lá estava ele que viera ao mundo para me ter. Ele fremia suavemente, de frio. Eu olhava-o sob os meus cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande estrondo ecoou na sala, sacudi-me, ele nem se quer tremeu. Passei por cima do barulho e tornei a fitá-lo.
Nossos pelos se enrijeceram quando o vento abriu a porta. Ele se pôs em pé, caminhou devagarzinho até a porta e a fechou. Voltou a se sentar, mas dessa vez ao meu lado. Segurou as minhas mãos. Não disse nada. Só me olhou. Eu não tirei os meus olhos dele nem se quer por um segundo.
Que foi que nos dissemos? Não sabemos. Sabe-se apenas que nos comunicamos rapidamente com os olhos eloqüentes, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar nos pedimos. Pedimos com urgência, com encabulamento, surpreendidos. Suplicamos um ao outro, o outro.

domingo, 26 de setembro de 2010

Como se fosse ontem

Meus olhos encontraram os teus em uma noite cálida de verão, diante da luz do luar, e de algumas testemunhas.
Lembro-me bem da brisa que tocava os fios do teu cabelo e os deixavam levemente jogados, da sua voz cantando todas as músicas que tocava nas rádios, lembro-me exatamente a cada riqueza de detalhes do seu cheiro que era levado até a mim. Lembro-me também do modo com que meu corpo em chamas necessitava estar junto ao teu.  
Fecho os olhos e sinto o doce toque dos teus lábios tocando os meus pela primeira vez. Naquela noite suas mãos deslizavam sob meu corpo, seus dedos entrelaçavam em meu cabelo, enquanto nos olhávamos profundamente e fazíamos com que as palavras se tornassem dispensáveis.
Não queria deixar com que você fosse embora e me deixasse ali, sem você. Mas a partida foi inevitável. Você então se foi, e só deixou as lembranças da noite em que eu conheci o grande amor da minha vida.
Eu comecei a amar-te naquele primeiro momento em que nos vimos, e lhe amo desde então, e tanto, e sempre.
           Lembro-me como se fosse ontem...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sol


         Acordo todos os dias pela manhã, e mesmo que ele não esteja ali, sei que existe, sei que sempre voltará a aparecer. E quando enfim ele aparece, sinto sua temperatura sob a minha pele, passando levemente em cada parte do meu corpo, algumas vezes o modo com que entra em contato comigo, faz com que eu fique bruscamente avermelhada e tentando me esconder de todas as maneiras.
Com todo aquele brilho ofuscante aos meus olhos, consegue deixar com que os meus dias fiquem mais iluminados. E mesmo nos dias em que desaparece, sem dar noticias, deixa mostras de que existe, em cada lugar.
Não arrumei maneiras para existir sem que ele exista. Necessito da sua luz, do seu calor, necessito do seu toque em minha pele.
Eu e ele estamos em perfeita sintonia, na mesma orbita, e não importa o que aconteça, sempre estou girando em torno dele.
E caso um dia ele morra, tudo ficará escuro novamente. Pois ele é a minha grande bola de fogo.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ao meu Próteu


A cada começo de semana o anseio e o frêmito intenso pela sexta-feira (quando tenho sorte, quinta-feira), para que enfim a saudade seja cessada em seus braços, e que eu possa olhar em seus olhos, e estes enaltecerem quando encontram com os meus e é nessa hora em que a eloquência dos teus, faz com que qualquer palavra se torne desnecessária, e então somos pegos pelo mais absoluto e incrível silêncio.
Vejo-te como Próteu, que de algum modo consegue ser tudo, ter tudo e de tal forma, que todas as outras pessoas se tornam inteiramente dispensáveis.  Não consigo te ver de outra maneira, a não ser como o meu Próteu, que consegue fazer com que as minhas necessidades se concentrem apenas em você, e me torna cada vez mais dependente desse amor.
Você se torna cada vez mais autocrático, com poder absoluto e ilimitado sobre mim.
Tantos clichês são ditos excessivamente e com tamanha banalidade, que acaba depauperando seu significado verdadeiro, mas nada melhor do que um velho e bom chavão para resumir como eu lhe vejo, sim, eu lhe vejo como O AMOR DA MINHA VIDA.
E como eu poderia ficar aqui com você, sem ser movida por você? Hoje, sua existência é o que me move. É por você que eu vivo. Tornou-se a minha razão, os meus motivos. Tornou-se a minha vida.
Eu te amo acima de todos, e tanto, e sempre...