terça-feira, 28 de setembro de 2010

Suplicamos um ao outro, o outro

Lá vinha ele caminhando.
Abri os meus olhos pasmados. Suavemente avisado, ele se sentou a minha frente. Sua perna vibrava. Ambos nos olhávamos.
Entre tantos seres que estão prontos para se tornarem dono de outro ser, lá estava ele que viera ao mundo para me ter. Ele fremia suavemente, de frio. Eu olhava-o sob os meus cabelos, fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande estrondo ecoou na sala, sacudi-me, ele nem se quer tremeu. Passei por cima do barulho e tornei a fitá-lo.
Nossos pelos se enrijeceram quando o vento abriu a porta. Ele se pôs em pé, caminhou devagarzinho até a porta e a fechou. Voltou a se sentar, mas dessa vez ao meu lado. Segurou as minhas mãos. Não disse nada. Só me olhou. Eu não tirei os meus olhos dele nem se quer por um segundo.
Que foi que nos dissemos? Não sabemos. Sabe-se apenas que nos comunicamos rapidamente com os olhos eloqüentes, pois não havia tempo. Sabe-se também que sem falar nos pedimos. Pedimos com urgência, com encabulamento, surpreendidos. Suplicamos um ao outro, o outro.

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